Otto diz ter sido alvo da Abin Paralela sob Bolsonaro: ‘Vida totalmente vasculhada’

O senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou nesta terça-feira (30) ter sido um dos alvos da chamada “Abin Paralela” no governo de Jair Bolsonaro (PL) à época em que foi membro da CPI da Covid, em 2021, e durante a eleição presidencial de 2022, após ser parado em uma blitz da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

“Já sabíamos, naquela época, mas não havia comprovação, que o presidente da República usava o aparelho do Estado para intimidar, para investigar, para ter informações. Isso começou na Covid, quando ele sentiu o peso da Comissão Parlamentar de Inquérito e, consequentemente, começou a atuar para tentar inibir o processo. Aconteceu e foi comprovado, inclusive na Receita Federal. Minha vida foi totalmente vasculhada na Receita Federal”, declarou Otto em entrevista à Rádio Mix Salvador.

Na segunda-feira (29), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), na terceira operação da investigação sobre a “Abin Paralela”. Alexandre Ramagem, hoje deputado federal e também alvo das apurações, foi chefe da Abin no governo Bolsonaro e é próximo à família do ex-presidente da República.

Relatórios produzidos pela agência sob Bolsonaro e o uso do software espião FirstMile estão no centro da investigação da PF.

Os investigadores afirmam que oficiais da Abin e policiais federais lotados na agência monitoraram os passos de adversários políticos de Bolsonaro e produziram relatórios de informações “por meio de ações clandestinas” sem “qualquer controle judicial ou do Ministério Público”, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.

Para Otto, Bolsonaro utilizava o aparato do Estado abertamente, a exemplo dos indícios de que as blitze da PRF foram intensificadas na tentativa de interferência no 2º turno do pleito presidencial.

“O ex-presidente da República usou o aparelho do Estado com a Polícia Rodoviária Federal nas eleições de 2022. A Polícia Rodoviária Federal me parou, porque eu estava com adesivo do 13 no capô do carro, na entrada de Feira de Santana. Mandou eu esperar, aguardar um bocado de tempo, esperando uma carteirada, que eu não dei.”

“O Bolsonaro não tem escrúpulo absolutamente nenhum, que é do proceder dele e dos filhos dele. Eles têm uma prática de uma escola política do que há de pior na política do estado do Rio de Janeiro”, disse o senador baiano, ao citar entre protagonistas de casos de corrupção os ex-governadores Anthony Garotinho (1999-2002), Rosinha Garotinho (2003-2006), Sérgio Cabral (2007-2014), Luiz Fernando Pezão (2014-2018) e Wilson Witzel (2019-2021).

“É uma escola política, de uma parte da política, que não são todos, claro, mas a grande parte é essa aí. Então se acostumou nesse hábito de investigar, de fazer de usar miliciano”, acrescentou Otto.

(Bahia.ba)

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