Governo Lula libera R$ 336 milhões em emendas após reunião com líderes do Congresso

O governo federal liberou R$ 336 milhões em emendas parlamentares após uma reunião entre os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda) com os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil).
O encontro ocorreu em meio a pressões crescentes do Congresso diante da lentidão nos repasses orçamentários.
Segundo apuração do portal Metrópoles, o montante pago representa 5,3% dos R$ 6,3 bilhões desembolsados desde o início de 2024. Para o ano que vem, está previsto um total de R$ 50,38 bilhões em emendas, mas até o momento apenas 12,6% desse valor foi efetivamente liberado.
Entre os fatores que dificultam os pagamentos estão o atraso na sanção do Orçamento — ocorrida apenas no fim de março — e disputas entre os Poderes, como questionamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto à transparência na execução das emendas. A situação provocou desgaste na relação entre Planalto e Congresso, impactando a articulação política do governo.
Parlamentares de diversos partidos, inclusive do PL, legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, passaram a procurar interlocutores do PT para pressionar pela liberação dos recursos. A escassez dos pagamentos tem gerado resistência à pauta econômica do Executivo.
]Um dos reflexos foi a derrubada do aumento do IOF sobre operações de crédito, mesmo após o Ministério da Fazenda recuar na proposta.
Apesar do gesto do governo, o presidente da Câmara manteve para esta segunda-feira (16) a votação do projeto que revoga o decreto de reajuste do IOF, contrariando expectativas da base aliada. O gesto indica que a crise política segue latente.
Parte significativa das emendas é de execução obrigatória, mas o governo controla o cronograma dos pagamentos — o que frequentemente é utilizado como instrumento de negociação. Nos bastidores, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já admitem a dificuldade para aprovar integralmente a medida provisória enviada para compensar perdas de receita. Líderes do PT avaliam que apenas parte do texto original será mantida.
Como estratégia para recuperar apoio popular e pressionar o Congresso, o Executivo estuda lançar uma nova campanha de comunicação, resgatando o discurso de enfrentamento entre “ricos e pobres”.
Fonte: Voz da Bahia/ Foto: TINGSHU WANG / POOL / AFP