Governo terá acesso à localização de celulares para monitorar quarentena

Na sexta-feira passada (27), o Ministério da Ciência, Inovação, Tecnologia e Comunicação publicou um vídeo no Twitter em que Marcos Pontes anuncia uma colaboração do Governo Federal com as cinco principais operadoras de telefonia móvel do País para rastrear a localização de 222,2 milhões de linhas. O objetivo é ficar de olho em aglomerações e antever o espalhamento do novo coronavírus. O vídeo foi apagado logo em seguida sem justificativa por parte do MCITC, mas usuários salvaram o conteúdo na íntegra. Na quinta (2), as operadoras finalmente oficializaram a medida. As informações são do UOL Tilt.

“As operadoras – Algar Telecom, Claro, Oi, Tim e Vivo, atuando em parceria – vão fornecer os dados de mobilidade originados pelos celulares nas redes móveis ao MCTIC, que possui uma sala de acompanhamento do tema e poderá disponibilizar as informações a todas as esferas do poder público”, afirmou o Sinditelebrasil, sindicato das empresas de telefonia, em um release publicado quinta (2) de manhã.

Eles garantiram que “os dados fornecidos visam exclusivamente o combate à covid-19. Estarão em nuvem pública (data lake) e organizados de forma agregada (…) e anônima, de acordo com as normas da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e do Marco Civil da Internet”. Pontes também garantiu que não haverá problemas de privacidade. Caso você esteja se perguntando, um data lake é um repositório de dados desestruturado, com as informações em estado bruto. Não se parece em nada com uma planilha de Excel.

Em uma metrópole, é possível usar a localização das antenas a que cada chip se conecta para acompanhar, ao longo do dia, o deslocamento de milhares ou milhões de pontinhos dos subúrbios para o centro ou vice-versa nos horários de pico. Os pontinhos não são identificados, mas o movimento da população como um todo é visível em um mapa.

Com as medidas de distanciamento social e home office, houve uma queda sensível no movimento pendular diário de trabalhadores e estudantes. Neste contexto, aglomerações anormais de pessoas podem se sobressair.

As operadoras já haviam percebido isso: em 26 de março, Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, afirmou em entrevista ao UOL: “Depois das medidas de restrição, a gente vê que essa massa não se desloca e a concentração permanece naquelas áreas iniciais”. Inspirado em medidas parecidas implantadas na Coreia do Sul e na Itália, Capdeville afirmou já estar cooperando com a prefeitura do Rio de Janeiro. Na quarta (1º), a Telefônica (Vivo) também anunciou um acordo de cooperação com o governo de São Paulo para uso de dados de deslocamento.

Fornecer essas informações às autoridades pode ajudá-las a acompanhar a pandemia, mas é essencial que tudo seja utilizado de maneira responsável e apenas para os fins anunciados. (Superinteressante)

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